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Você sabe o que é o Setembro Amarelo?

Neste mês celebra-se em todo o mundo mais uma edição do Setembro Amarelo, uma campanha que pretende quebrar o tabu sobre suicídio e levar à população informação relevante em favor da vida. Seminários, palestras, jornadas científicas e artísticas, monumentos iluminados de amarelo em várias cidades, entre outras ações, pretendem despertar no grande público o senso de urgência em relação a estes que tanto sofrem. 

A prevenção do suicídio não é apenas assunto de profissionais de saúde ou ONGs humanitárias. Todas as pessoas são chamadas a fazer algo pelos que estão em situação de risco e, por vezes, nem sabem disso. Se a vida é o bem mais precioso que existe, protegê-la é o que empresta sentido à palavra \"Humanidade\". Aproximadamente 32 pessoas se matam todos os dias no Brasil. Em todo mundo esse número chega a 2.200. Onde a mobilização em favor da vida cria redes de cuidado e atenção, esses números caem drasticamente. 

\"Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê\".  Foi o que escreveu num pedaço de papel o motoboy que se atirou dias atrás do 17º andar do Fórum Trabalhista de São Paulo. Ele levou junto o filho de 4 anos, para perplexidade da família e dos amigos. O trágico bilhete resume uma questão incômoda. Quem experimenta um sofrimento profundo, daqueles difíceis de suportar, não sabe por vezes como lidar com tanta dor. Em boa parte dos casos se recolhe, omite a opressão que vai no peito e inicia uma jornada solitária que parece sem volta. Essa situação é mais frequente do que se imagina. E por falta de informação, muitos não conseguem imaginar que haja uma saída. 

A Organização Mundial da Saúde afirma que em pelo menos 90% dos casos o suicídio é prevenível, porque está associado a psicopatologias diagnosticáveis e tratáveis, principalmente a depressão. A tristeza faz parte da vida, e nos ajuda crescer emocional e espiritualmente. A tristeza persistente inspira cuidado e atenção. Pessoas deprimidas tendem a se isolar, não interagem socialmente, parecem desmotivadas, anestesiadas, sem iniciativa. Por vezes chegam a verbalizar o quanto a vida lhes parece um fardo. Quem passa por essa experiência difícil - e principalmente parentes, amigos e pessoas próximas - devem prestar atenção aos sinais e, se for o caso, procurar ajuda. 

Há opções de assistência gratuita nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e nos serviços oferecidos por universidades ou entidades ligadas a psiquiatras e psicólogos. Mesmo quando se trata de um outro problema qualquer (angústia, ansiedade, solidão, etc) os próprios profissionais de saúde costumam recomendar (com o aval do Ministério da Saúde) que se recorra ao CVV, o Centro de Valorização da Vida, organização voluntária sem ligações políticas ou religiosas que desde 1962 realiza, de forma gratuita, um serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone (141) ou por um chat (CVV.com.br). 

Os voluntários do CVV não são terapeutas, mas oferecem algo precioso num mundo onde é anda vez mais difícil encontrar alguém que se disponha a ouvir um desabafo sem julgamentos, sem receitas prontas sobre como se sentir melhor, e guardando-se absoluto sigilo em relação ao que é conversado. São aproximadamente 800 mil ligações por ano sem grandes apoios ou divulgação nas mídias, o que confirma a importância desse serviço. 

por André Trigueiro - G1
Disponível em: http://goo.gl/DZvPfL


Confira a cartilha feita pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Brasileira de Psiquiatria que apresenta diversas instruções sobre como prevenir o ato de suicídio.