Plantão de Sindicalização
Em visita ao Brasil, a nova presidente do setor ICTS (Informação, Comunicação, Tecnologia e Serviços) da Uni – sindicato mundial – se reuniu com a direção do Sintetel em 31 de agosto. Durante o dia, ela acompanhou o trabalho da entidade e conversou com trabalhadores do setor. “Admirável a capacidade de negociação do Sintetel com as empresas. Um diálogo que praticamente não vemos em outros países”, disse a sindicalista alemã Alke Boessinger, impressionada ao conhecer de perto a atuação do Sindicato.
O Sintetel é referência mundial de organização sindical no setor de telecomunicações. Por esse motivo, Boessinger, que assume este mês a chefia deste setor da Uni, escolheu o Sindicato para absorver as positivas experiências daqui e compartilhá-las com as entidades filiadas. “Foi importante mostrar nosso trabalho e esperamos ter contribuído para gerar importantes mudanças também naqueles lugares nos quais a ação sindical é mais complicada”, disse Almir Munhoz, presidente do Sintetel.
Alke fez questão de ir a um dos maiores call centers de São Paulo, a Atento Belém, na Zona Leste da capital. Lá, além de presenciar um pouco do dia a dia dos teleoperadores, ela pôde observar parte do trabalho do Sintetel com a atuação dos dirigentes de base e liberados. “Isso é o que chamamos de ‘o Sindicato dentro da empresa’. Recebemos diariamente reclamações, sugestões e resolvemos diversas questões pontuais e coletivas”, explica Aurea Barrence, que está entre os dirigentes do Sintetel responsáveis por tratar das questões do teleatendimento.
A sindicalista da Uni questionou diversos trabalhadores sobre a rotina de trabalho, problemas e a presença do Sindicato. Ela ficou impressionada com a quantidade de ligações que um teleoperador atende por dia. “Como é possível falar com 200 pessoas em apenas seis horas?”, perguntou. Já uma trabalhadora acrescentou: “tem dias em que atendemos 300 ligações”.
Para Alke Boessinger, os trabalhadores em telecom de São Paulo são representados por um Sindicato forte, acessível e com grande poder de negociação. Um desafio para o movimento sindical internacional. “Priorizamos sempre o diálogo, mas partimos para confronto se necessário”, declara o presidente do Sintetel.
“Quando conhecemos as entidades sindicais pelo mundo, nos deparamos com uma constante dificuldade de se fiscalizar as empresas. Nesses lugares, é inimaginável o Sindicato fazer um plantão de atendimento ao trabalhador e de sindicalização como fazemos aqui”, relata Cenise Monteiro, secretária da Mulher do Sintetel e diretora de Relações Internacionais da Fenattel. “O Sintetel está em alto patamar de organização. Isso é inquestionável. Vamos levar esse trabalho à diante, desde o que é feito em negociações coletivas à sindicalização”, explica André Luiz Rodrigues, diretor regional de ICTS da Uni, que também acompanhou a visita.
Relação Sintetel e Uni
A Uni Global Union é um sindical internacional que reúne entidades de trabalhadores de diversos países. Ela representa mais de 20 milhões de trabalhadores de mais de 900 sindicatos de todo o mundo. A entidade tem como principal objetivo garantir emprego decente e proteger os direitos dos trabalhadores, da sindicalização à negociação coletiva.
O Sintetel é filiado à Uni há muitos anos. Inclusive, o presidente do Sindicato, Almir Munhoz, é vice-presidente do setor ICTS nas Américas. Essa relação é um importante instrumento de negociação para o Sindicato, pois diversas empresas de telecom que atuam no estado de São Paulo são multinacionais e suas matrizes ficam em outros países. “Sempre que encontramos dificuldades em resolver algum impasse com essas empresas aqui no Brasil, acionamos a Uni, que nos auxilia nesse contato”, explica a vice-presidente do Sintetel, Cristiane do Nascimento. “Sempre aprendemos muito nos eventos e encontros com os dirigentes da Uni. Estamos muito orgulhosos de estarmos, desta vez, contribuindo para o trabalho do Sindicato Global.”