Assisti à imponente cerimônia de posse da diretoria eleita do Sintetel-SP (sindicato de trabs. em telecomunicações), presidido pelo companheiro Gilberto Dourado. Os trabalhadores e as trabalhadoras deram à chapa a mais expressiva votação em toda a história das eleições do sindicato, reforçando os laços entre a diretoria e a base representada.
O Sintetel-SP associado à Fenattel (federação de trabs.) e hoje filiado à UGT, com 83 anos, é um dos mais importantes sindicatos do Brasil. Ao longo de sua história teve influência e participação na vida sindical; em 1955, por exemplo, foi um dos 20 sindicatos fundadores do Dieese.
Durante a ditadura militar a categoria dos telefônicos e a diretoria do sindicato foram infiltradas de arapongas à serviço do governo.
Mas, com a democratização, a renovação sindical foi impetuosa entre os telefônicos com a presidência do saudoso Geraldo Vilhena.
Um marco nesta trajetória foi a grande greve vitoriosa de 1985, quando da base participante emergiram para o ativismo sindical dois grandes quadros dirigentes, Osvaldo Rossato e Almir Munhoz, que sucederam a Geraldo na presidência.
Almir Munhoz comandou a resistência do sindicato à privatização e mesmo sem conseguir impedi-la e aprovar uma alternativa (que sofreu a bicada forte dos tucanos), consagrou-se como um dos mais importantes dirigentes sindicais do Brasil. Tendo recentemente falecido foi justamente homenageado, bem como seus familiares presentes à cerimônia de posse.
Um registro forte ainda deve ser feito. Na onda de privatizações no mundo capitalista, provocada pelo neoliberalismo, o Sintetel-SP foi o único sindicato que apesar dela ampliou sua base de representação, tornando-se maior e incorporando os trabalhadores e as trabalhadoras para os quais negocia o ano inteiro com as empresas de teleatendimento, as operadoras e as prestadoras de serviços.
* João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical do SINTETEL e de outros sindicatos.