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“Os teleoperadores são tratados como máquinas”, diz coordenadora nacional do teleatendimento

A coordenadora nacional do teleatendimento da Fenattel, Iara Martins, foi taxativa ao afirmar que os teleoperadores são tratados como máquinas. Para ela é necessário que as empresas e a sociedade entendam o lado humano dos profissionais da área. 

A principal crítica da sindicalista foi a respeito das metas inatingíveis estipuladas pelas empresas. Uma plateia de sindicalistas de toda a América, presentes no segundo dia de debates de Seminário do sindicato internacional UNI, realizado em São Paulo, traçou planos de apoio para melhorar a realidade brasileira.

O principal ponto foi a ideia de confecção de um documento internacional de apoio à regulamentação da profissão de teleoperador.  O projeto prevê uma série de obrigações que melhorariam a atividade, como, por exemplo, a obrigatoriedade de uma pausa de dez minutos a cada hora trabalhada, além dos 20 minutos de intervalo. O documento versa também sobre piso salarial e outros importantes aspectos que trarão inúmeros benefícios, como a limitação da alta rotatividade no emprego.

A proposta de regulamentação apresentada pela Fenattel, entidade que reúne sindicatos de trabalhadores em Telecom de diversos estados do Brasil, incluindo o Sintetel, já foi aprovada na Câmara dos Deputados e agora está para ser debatido pelos senadores. O relator do projeto no Senado já apresentou parecer favorável, mas os sindicalistas alertam que é necessário seguir pressionando para que seja aprovado de forma definitiva e siga para sanção presidencial. 

Por isso, os sindicatos estão coletando assinaturas em todo o Brasil para mostrar aos parlamentares que o projeto conta com largo apoio popular. Com o apoio da UNI, a regulamentação ganha visibilidade internacional e aumenta a pressão sobre os políticos brasileiros. “Se a profissão for reconhecida temos a garantira de que o limite seria de 180 horas mensais, ou seja, fica assegurada a jornada diária de seis horas”, completou Fábio Oliveira, dirigente do Sintetel, que explicou o risco comprovado de adoecimento caso o profissional do setor exerça uma jornada maior do as seis horas. 

Para além da questão da regulamentação, atualmente a Fenattel integra uma mesa tripartite com o governo federal e as empresas do setor para debater problemas trabalhistas que precisam ser resolvidos. “Os problemas são muitos, mas desenvolvemos uma estratégia de ação nacional para termos mais força para denunciar e melhorar a realidade desse setor”, disse Iara. A UNI também apoiará em texto a retomada das reuniões tripartite, que foram interrompidas pelo governo interino.